“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23).
INTRODUÇÃO:
Costumamos guardar ou manter em segurança tudo aquilo que consideramos importante, como documentos (ex: escritura da casa; passaporte etc.), joias ou presentes valiosos, mas o texto em estudo diz para guardarmos ou blindarmos o “coração”, em seguida o sábio justificou isso dizendo “porque dele procedem as fontes da vida”. Aqui está uma forte razão do porque alguns perderam o crédito, a reputação, o casamento e a família entre outras coisas igualmente valiosas.
Neste caso o que tem de ser mantido saudável, puro ou belo, do ponto de vista moral e espiritual é o “coração”, isso porque há muitos ataques, capitaneados pelo diabo e o mundo, que tem o único propósito de contaminar nosso “coração”, uma vez que ele deve influenciar nosso pensamento e atitudes de um modo geral. Portanto, estamos cercados de muitos perigos e armadilhas, por isso devemos manter vigilância cerrada em tudo aquilo que lemos (estudamos), assistimos e ouvimos.
Proposição: O coração encouraçado é a melhor forma de proteger e garantir qualidade de vida de um modo geral.
1. GUARDAR O “CORAÇÃO” É O NOSSO MAIOR DESAFIO
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A primeira parte do texto em estudo traz o seguinte mandamento: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração” (v. 23 a). Vejamos como outras traduções verteram este trecho: “Acima de tudo, guarde o seu coração” (NVI); “Tenha cuidado com o que você pensa” (NTLH); “Mantenha e guarde seu coração com toda a vigilância e acima de tudo…” (Amplified Bible – em livre tradução); “Vigie sempre os seus pensamentos” (BM).
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Portanto, o “coração” é o objeto da nossa proteção vigilante, e se trata do nosso “homem interior”, ou da alma, que controla a razão (Pv 3.3), os sentimentos (Pv 15.15), e a vontade ou desejos (Pv 11.20). Essa é a área do nosso ser que dirige pensamentos, palavras e atitudes (Pv 23.7). Essa é uma das razões do porque a Bíblia determina que a nossa alma seja restaurada, sarada por meio da Palavra de Deus (Tg 1.21), pois a “alma” doente, depravada arruína toda a nossa vida.
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O verbo “guardar” segundo do Dicionário Michaelis significa: “Vigiar com o intuito de defender e proteger, preservar. Tomar conta de; zelar por. Colocar em lugar apropriado e seguro”. Por que razão o “coração” deve ser guardado? Porque não é confiável (“enganoso” – Jr 17.9), porque é inclinado para o mal (possui “natureza ou tendência pecaminosa”). Porque não queremos ser surpreendidos com palavra e atitudes que irão nos comprometer ou colocar em “maus lençóis”.
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Sobre a nossa necessidade de vigiar e orar Jesus justificou dizendo: “Fiquem atentos. Orem sempre para que não caiam em tentação antes mesmo de perceber o perigo. Uma parte de vocês (espírito regenerado) está disposta a fazer qualquer coisa por Deus, mas a outra parte (alma não restaurada) simplesmente não reage” (Mt 26.41 – BM). Crentes “almáticos” possuem corações expostos a todo tipo de perigos na TV, Internet, filmes e músicas demoníacas,
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É na hora do “ócio” (ou de relaxar) que devemos vigiar dobrado (2Sm 11.2), para não ver e cobiçar coisas proibidas, erradas. Os desejos do “coração” precisam de controle, limites. Temos que dizer não para as vontades que desobedecem a lei de Deus, que nos tiram do foco certo da vida que agrada a Deus. Em outras palavras, precisamos manter nossa alma pura (moral), e leal a Deus. As impurezas sexuais, por exemplo, são estimuladas pelas visão e audição pecaminosas. Um “coração perfeito” ou leal é “totalmente de Deus” (2Cr 16.9).
2. A NOSSA QUALIDADE DE VIDA, DEPENDE DA CONDIÇÃO DO NOSSO “CORAÇÃO”
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A segunda parte do texto em estudo justifica a necessidade de guardarmos o coração; vejamos: “porque dele procedem as fontes da vida” (v. 23 b). Vejamos como outras traduções verteram este trecho: “pois dele depende toda a sua vida” (NVI); “pois ele dirige o rumo de sua vida” (NVT); “pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos” (NTLH); “pois dele flui a fonte da vida” (Amplified Bible – em livre tradução); “deles (os pensamentos) depende a sua vida” (BM).
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Como vimos: “dele (o coração) procedem as saídas da vida” (ARC). O Dr. MacArthur comenta o texto em estudo afirmando que o “coração” representa todo o nosso “ser interior (3.5). Ele é o depositário de toda sabedoria e a fonte de tudo o que afeta o discurso (v. 24), a visão (v. 25), e a conduta (vs. 26-27)” (SBB; 2011; p. 800). Portanto, o que permitirmos ficar no coração vai determinar o que falamos, sentimos e fazemos no dia a dia, seja bom ou ruim. Se o nosso coração estiver saturado da Palavra de Deus, então iremos falar, sentir (desejar) e fazer coisas boas e corretas (Hb 5.14).
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Quando falou a respeito da árvore e seus frutos, Jesus afirmou o seguinte sobre o coração: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45). Portanto, é a condição do coração que determina o comportamento e consequentemente a qualidade de vida que levamos. Por isso se faz necessário “filtrar” tudo que assistimos, lemos, estudamos e ouvimos. O patriarca Jó, por exemplo, fez o seguinte voto de pureza para Deus: “Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?” (Jó 31.1).
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Pessoas cujo coração estão desprotegidos possuem “olhos vadios” ou como diz a Bíblia: “olhos impudentes” (Is 3.16), que ao pé da letra significa “olhos que procuram atrair para trair”. Jesus afirmou que se um homem olhar para uma mulher com “intenção impura” no seu coração já adulterou com ela (Mt 5.28), isso é a “concupiscência dos olhos” (1Jo 2.16), que o diabo usa para despertar desejos impuros, errados como o que ocorreu a Eva no Jardim do Éden (“agradável aos olhos” – Gn 3.6).
3. A VIDA PROTEGIDA, DEPENDE DE CORAÇÕES “BLINDADOS”
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Deus colocou nosso coração atrás de uma “parede” de ossos (caixa torácica), indicando a necessidade de protegê-lo ou guardá-lo de algum acidente ou incidente. Como uma cidade murada, precisa vigiar mais atentamente as entradas ou portões, a alma também possui essas vias de acesso ou “portões”, que são principalmente os olhos e os ouvidos. Aqui devemos concentrar esforço para não permitirmos a entrada de informações destrutivas. Olhos e ouvidos blindados.
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Quando a Bíblia ordena a “guardar o coração”, não está dizendo que devemos “matá-lo”, mas mantê-lo em segurança, blindá-lo. Nossos sentimentos ou desejos (ex: libido) não são ruins em si mesmos, mas precisam de controle ou limites. O salmista Davi, por exemplo, determinou o seguinte para si mesmo: “Não olharei para coisa alguma que seja má e vulgar” (Sl 101.3 – NVT), e noutro salmo ele orou ao Senhor: “Cria em mim, ó Deus um coração puro…” (Sl 51.10).
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Não “choque ovos de cobra” (Is 59.5), porque pode nascer uma víbora e envenenar sua alma. Os “ovos de cobra” são pensamentos maus, lançados pelo diabo (Mt 13.25 e 39), e a nossa mente é como uma “chocadeira”, e aquilo que acalentarmos (aquecermos) no coração deve nascer, gerar algum comportamento pecaminoso. Por exemplo, pensamentos de adultério, sugestões de que não somos mais amados pelo cônjuge ou de que a “grama do vizinho é mais verde que a nossa”, precisam ser banidos e não tolerados em nossa cabeça.
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Blindamos o nosso coração por meio da memorização da Palavra de Deus; sobre isso o salmista declarou: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119.11), precisamos estar sempre conscientes da vontade de Deus (Sl 1.1-2). Em última análise é Deus quem blinda o nosso coração por meio da sua presença protetora (Zc 2.5), por isso a prática da oração particular é fundamental para aprofundarmos nossa comunhão com Ele (Mt 6.6).
CONCLUSÃO:
O conselho ou advertência das Escrituras deve ser levado a sério, sob risco de perdermos aquilo que consideramos preciosos, como, por exemplo, a vida, o casamento e a família. Porque a nossa qualidade de vida depende diretamente da condição do nosso coração (alma). Quanto mais próximos ou cheios das coisas de Deus, mais resistência teremos aos ataques do mundo e do diabo. Corações “blindados” são vidas cheias da Palavra e presença de Deus, por isso são capazes de domar desejos ou impulsos vis da natureza humana pecaminosa, e de dizer não para as ofertas aparentemente boas do mundo e do diabo.
Pastor Walter Bastos